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▶️ A proximidade do fim do prazo de suspensão do tarifaço imposto por Trump, que afetou mais de 180 países, também segue no radar dos investidores. Washington ainda busca concluir acordos com seus principais parceiros. Nesta terça-feira, o jornal britânico “Financial Times” informou que a União Europeia prepara tarifas retaliatórias para garantir melhor acordo comercial com o republicano.
Nesse sentido, o mercado também segue atento a eventuais posicionamentos do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), em meio a sinais de que a instituição ainda espera para ver quais serão os efeitos das tarifas nos preços norte-americanos antes de baixar os juros do país.
▶️ No Brasil, investidores repercutiram a ata do Comitê de Política Monetária (Copom). O documento, divulgado nesta terça-feira (24) pelo BC, reforçou a indicação da instituição no comunicado da semana passada, quando o colegiado disse que pretende interromper o ciclo de altas de juros para observar seus impactos na economia. (Entenda mais abaixo)
Veja abaixo como esses fatores impactam o mercado.
💲Dólar
- Acumulado da semana: -0,11%;
- Acumulado do mês: -3,48%;
- Acumulado do ano: -10,69%.
📈Ibovespa
- Acumulado da semana: +0,04%;
- Acumulado do mês: +0,10%
- Acumulado do ano: +14,03%.
Violação do cessar-fogo
A declaração do Irã, de fim do conflito com Israel, ocorreu horas após o início de um cessar-fogo, anunciado pelos Estados Unidos na noite anterior e mediado com apoio do Catar. Ambos os países sinalizaram adesão à trégua.
Segundo a imprensa estatal iraniana, o presidente Masoud Pezeshkian classificou o desfecho como uma “grande vitória” para a nação e afirmou que a guerra foi “imposta ao Irã pelo aventurismo de Israel”.
O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, havia dito na véspera que “a nação iraniana não é uma nação que se rende”, sinalizando que o país manteria firmeza mesmo após os ataques americanos e israelenses.
O Comando Militar Conjunto do Irã afirmou que Israel e os Estados Unidos devem “aprender com os golpes esmagadores” sofridos durante os ataques iranianos — tanto no território israelense quanto na base americana de Al-Udeid, no Catar.
O Irã afirmou que deve reabrir seu espaço aéreo ainda esta noite após 12 dias fechado. Contudo, o site “FlightRadar 24”, que monitora voos em todo o mundo, informou que ainda nesta terça-feira alguns voos internacionais estavam partindo e chegando por Teerã por meio de uma permissão especial.
O cessar-fogo entrou em vigor nas primeiras horas desta terça-feira (1h da manhã no horário de Brasília), segundo anúncio feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump. No entanto, relatos de novos ataques em Teerã e declarações cruzadas entre os envolvidos colocaram o acordo sob incerteza logo nas primeiras horas.
Trump afirmou que tanto Israel quanto Irã violaram os termos da trégua, negociada com participação ativa do Catar, e que estava “insatisfeito com os dois lados”.
“Israel tem de se acalmar. Tenho de fazer Israel se acalmar”, disse Trump ao embarcar para a cúpula da Otan, em Haia. Em uma rede social, o presidente dos EUA alertou: “Israel, não jogue suas bombas. Se fizer isso, será uma grande violação.”
Os confrontos entre Israel e Irã começaram em 13 de junho. Militares israelenses lançaram uma operação para destruir alvos nucleares iranianos, e Teerã retaliou com mísseis contra cidades como Tel Aviv, Haifa e Jerusalém.
Os bombardeios causaram mais de 240 mortes e milhares de feridos, segundo dados oficiais. Instituições independentes, no entanto, estimam que o número real pode ser ainda maior.
Preços do petróleo
A escalada do conflito havia pressionado os preços do petróleo e os mercados globais. No entanto, a resposta controlada de Teerã trouxe alívio aos mercados e provocou queda nos preços da commodity.
Um eventual bloqueio do Estreito de Ormuz — por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido globalmente — poderia provocar uma disparada nos preços.
No domingo, o Parlamento iraniano aprovou o fechamento da rota marítima como retaliação aos ataques dos EUA. No entanto, a medida ainda depende da aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do aiatolá Khamenei, o que ainda não ocorreu.
Nesta segunda-feira (23), Trump reiterou seu desejo de manter os preços do petróleo baixos, diante dos temores de que os ataques dos EUA ao Irã provoquem alta nos custos da commodity.
“Pessoal, mantenham os preços do petróleo baixos, estou de olho! Vocês estão fazendo o jogo do inimigo, não façam isso”, escreveu Trump em letras maiúsculas em sua plataforma Truth Social.
Juros e indicadores
Por fim, o mercado repercute a ata da última reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira. Segundo analistas, o tom do documento foi brando (“dovish”, no jargão do mercado), trazendo a expectativa de que os efeitos dos juros elevados ainda devem chegar na economia, desacelerando a atividade ao longo dos próximos meses.
Além disso, apesar de reconhecer que a inflação está melhor no curto prazo, o Banco Central (BC) continuou a chamar a atenção para as projeções de alta dos preços pelo mercado, destacando as incertezas que ainda existem no cenário internacional.
- 🔎 Juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
Já nos Estados Unidos, as atenções ficaram voltadas para o presidente do Fed, Jerome Powell, que falou durante depoimento perante o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA nesta terça-feira (24).
Powell afirmou que ainda é muito cedo para saber quais seriam as implicações econômicas do conflito no Oriente Médio. O banqueiro central também voltou a reforçar que o Fed vai esperar novos estudos para saber eventuais impactos do tarifaço de Trump na inflação norte-americana antes de definir os rumos das taxas de juros do país.
“Os aumentos de tarifas neste ano provavelmente elevarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica”, afirmou Powell
Cédulas de dólar — Foto: John Guccione/Pexels