Dólar sobe e fecha a R$ 5,39 com cautela global; Ibovespa avança e tem 7º recorde seguido

O dia foi marcado pela cautela global dos investidores, que derrubou as principais bolsas e impulsionou o dólar frente a uma cesta de moedas fortes. O Ibovespa resistiu ao pessimismo, enquanto agentes esperam pela decisão do Copom sobre a taxa básica de juros nesta quarta-feira (5).

▶️ O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou hoje sua reunião de dois dias, com foco em apresentações técnicas sobre inflação, câmbio, emprego e atividade. A decisão sobre a Selic será anunciada amanhã e a expectativa do mercado é de que a atual taxa (15% ao ano) seja mantida.

▶️ Durante a manhã, o IBGE divulgou a produção industrial de setembro. Em setembro, houve queda de 0,4% na comparação com o mês anterior, mas cresceu 2% na comparação anual. O acumulado em 12 meses foi de 1,5%.

▶️ Nos EUA, a paralisação do governo entra no segundo mês e segue impedindo a divulgação de dados oficiais, como o relatório de empregos e os indicadores de inflação ao consumidor e ao produtor. Incertezas sobre a política monetária e a situação das empresas de tecnologia também pressionaram os mercados.

▶️ A aversão a risco dos investidores aumentou após executivos de grandes bancos americanos alertarem para uma possível queda nas ações em Nova York, que vêm acumulando recordes nas últimas semanas. A revisão das apostas sobre cortes de juros no país também trouxe mais cautela aos mercados.

Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

💲Dólar

  • Acumulado da semana: +0,35%;
  • Acumulado do mês: +0,35%;
  • Acumulado do ano: -12,64%.

📈Ibovespa

  • Acumulado da semana: +0,78%;
  • Acumulado do mês: +0,78%;
  • Acumulado do ano: +25,29%.

À espera do Copom

Os investidores brasileiros iniciam a semana com os olhos voltados para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que começa hoje e será concluída na amanhã (5).

  • A expectativa é de que o BC mantenha a taxa básica de juros em 15% ao ano, em linha com o consenso do mercado.

Para Alison Correia, analista de investimentos e cofundador da Dom Investimentos, o ponto central desta reunião será o discurso que acompanhará o anúncio.

Segundo ele, há um consenso de que a Selic permanecerá no patamar atual, mas o mercado quer entender quando o Banco Central começará a discutir a possibilidade de cortes.

“Mais importante do que a manutenção da taxa é o que será dito depois”, afirmou Correia, acrescentando que há expectativa de que as reduções nos juros possam ocorrer já no início do próximo ano.

O especialista destaca ainda que as declarações do presidente da instituição, Gabriel Galípolo, e de outros dirigentes serão fundamentais para medir o tom da autoridade monetária.

Produção industrial no Brasil

A produção industrial brasileira caiu 0,4% em setembro, na comparação com agosto, eliminando parte do avanço de 0,7% registrado no mês anterior.

Mesmo com esse recuo, o setor ainda está 2,3% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020), mas permanece 14,8% abaixo do recorde histórico de maio de 2011.

Na comparação com setembro de 2024, houve crescimento de 2,0%. No acumulado do ano, a indústria avançou 1,0% frente ao mesmo período do ano anterior.

Em 12 meses, o crescimento foi de 1,5%, mostrando perda de ritmo em relação aos meses anteriores: agosto (1,6%), julho (1,9%), junho (2,4%) e maio (2,8%). A média móvel trimestral variou 0,1% no trimestre encerrado em setembro, após alta de 0,2% em agosto.

Entre as 25 atividades pesquisadas, 12 tiveram queda. Os principais recuos vieram dos setores farmacêutico (-9,7%), extrativo (-1,6%) e automobilístico (-3,5%). Juntas, essas áreas representam cerca de 23% da indústria.

Por outro lado, 13 atividades cresceram, com destaque para alimentos (1,9%), fumo (19,5%) e madeira (5,5%).

Na comparação anual, os alimentos cresceram 7,1%, impulsionados por carnes, sucos e açúcar. Já o setor de petróleo e biocombustíveis caiu 7,2%, pressionado pela menor produção de álcool etílico, devido à priorização do açúcar pelas usinas.

EUA em paralisação pelo 35º dia

A paralisação do governo dos EUA chegou ao 35º dia nesta terça-feira, igualando o recorde histórico estabelecido durante o primeiro mandato de Donald Trump.

O impasse entre democratas e republicanos no Congresso continua sem avanços, e os efeitos se espalham por diversos setores.

  • A assistência alimentar para cerca de 42 milhões de pessoas foi interrompida, deixando famílias sem os cerca de US$ 180 mensais. Funcionários federais, incluindo policiais, militares e agentes de aeroportos, estão sem receber salários.
  • Desde o início da paralisação, mais de 3,2 milhões de passageiros enfrentaram atrasos ou cancelamentos de voos.
  • O Escritório de Orçamento do Congresso estima que, se durar mais uma semana, o impacto na economia pode chegar a US$ 11 bilhões.

No Senado, os republicanos têm maioria, mas não conseguem aprovar medidas sem apoio de democratas, que exigem a prorrogação de subsídios de saúde.

“A questão é por quanto tempo os democratas vão continuar com isso”, disse o líder republicano John Thune.

Já Chuck Schumer criticou o presidente, afirmando que “enquanto Trump se gaba da reforma dos banheiros da Casa Branca, os americanos estão preocupados com o plano de saúde”.

O shutdown também tem provocado o atraso dos dados oficiais, como o payroll e o índice de preços ao consumidor (CPI), deixando os investidores sem parâmetros claros sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed), o banco central americano.

Bolsas globais

Em Wall Street, os mercados americanos fecharam em queda nesta terça-feira, após o forte desempenho das ações de tecnologia no início da semana.

Empresas como Nvidia e Amazon, que haviam impulsionado os índices, agora recuam diante de preocupações sobre uma possível bolha no setor de inteligência artificial.

A Tesla também caiu após o fundo soberano da Noruega anunciar que votará contra o pacote bilionário de remuneração proposto para Elon Musk, CEO da companhia.

O índice S&P 500 recuou 1,17%, aos 6.771,74 pontos. O Nasdaq teve perdas de 2,04%, aos 23.348,64 pontos, e o Dow Jones caiu 0,53%, aos 47.085,61 pontos.

Na Europa, os mercados fecharam mistos, com os investidores no aguardo pelos resultados de empresas como BP, Philips, Geberit e Ferrari.

Além disso, eles acompanharam discursos de autoridades monetárias: a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, falou em Sófia (Bulgária), enquanto representantes dos bancos centrais da Espanha e do Reino Unido participam de evento em Madri.

No fechamento, os principais índices europeus não tiveram uma direção única. O índice pan-europeu STOXX 600 encerrou em queda de 0,3%, CAC 40, da França, caiu 0,52%, e o DAX, da Alemanha, recuou 0,76%.

Por outro lado, o FTSE 100, do Reino Unido, avançou 0,14%, o Ftse/Mib, de Milão, teve valorização de 0,09%, e o Ibex-35 de Madri teve estabilidade.

Na Ásia, os mercados fecharam em queda, com investidores realizando lucros em setores que tiveram bom desempenho ao longo do ano. Com poucos balanços previstos nos próximos meses, há uma migração para setores mais estáveis, como empresas estatais e pagadoras de dividendos.

A incerteza sobre a recuperação econômica da China e tensões geopolíticas também pesam sobre o sentimento do mercado.

No fechamento, o Nikkei, de Tóquio, caiu 1,74%, o Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,79% e o SSEC, de Xangai, perdeu 0,41%. O CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, caiu 0,75%.

Em outros mercados, o Kospi, da Coreia do Sul, teve queda de 2,37%, o Taiex, de Taiwan, recuou 0,77% e o Straits Times, de Cingapura, caiu 0,59%.

*Com informações da agência de notícias Reuters.

Notas de real e dólar — Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

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