Dólar avança com atenção voltada a indicadores do Brasil e dos EUA; bolsa recua

Dólar avança com atenção voltada a indicadores do Brasil e dos EUA; bolsa recua

Após semanas de paralisação do governo, os mercados voltam a acompanhar dados importantes nos Estados Unidos, considerados decisivos para calibrar expectativas sobre os juros americanos. No Brasil, os investidores acompanham a divulgação do IBC-Br, que serve como prévia do PIB, e do boletim Focus.

▶️ Durante o dia estão previstas a divulgação dos dados de gastos com construção referentes a agosto e discursos de dirigentes do Federal Reserve, que devem movimentar o mercado diante das divergências sobre os próximos passos da política monetária.

▶️ Entre os destaques desta segunda-feira, estão a divulgação do IBC-Br, indicador que funciona como prévia do PIB, e do boletim Focus. O IBC-Br mostrou queda de 0,9% no terceiro trimestre, enquanto o Focus trouxe, pela primeira vez no ano, projeção de cumprimento da meta de inflação para 2025.

Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.

💲Dólar

  • Acumulado da semana: -0,74%;
  • Acumulado do mês: -1,54%;
  • Acumulado do ano: -14,29%.

📈Ibovespa

  • Acumulado da semana: +2,39%;
  • Acumulado do mês: +5,48%;
  • Acumulado do ano: +31,14%.

Agenda econômica

Pela primeira vez no ano, o mercado financeiro projeta que a meta de inflação para 2025 será cumprida. A estimativa caiu de 4,55% para 4,46%, ficando abaixo do teto definido pelo governo.

➡️ A revisão ocorreu após a divulgação do IPCA de outubro, que registrou alta de 0,09%, a menor para o mês em 27 anos. Economistas esperavam um índice maior, de 0,26%.

Veja as projeções de inflação para os próximos anos:

  • 2026: 4,20%
  • 2027: 3,80%
  • 2028: 3,50%

A expectativa para o crescimento do PIB em 2025 segue em 2,16%, e para 2026, em 1,78%.

Economistas também mantiveram a projeção para a taxa básica de juros:

  • 2025: 15% ao ano (nível atual)
  • 2026: 12,25% ao ano

Quanto ao dólar, a estimativa para o fim de 2025 recuou de R$ 5,41 para R$ 5,40. Para 2026, permanece em R$ 5,50.

O cálculo foi feito após ajuste sazonal, que permite comparar períodos diferentes, e considera a variação em relação ao segundo trimestre de 2025.

  • Esse é o primeiro recuo trimestral do indicador em dois anos. A última queda havia ocorrido no terceiro trimestre de 2023, quando o índice caiu 0,5%.

▶️ A redução na atividade econômica faz parte da estratégia do Banco Central para conter pressões inflacionárias e aproximar as projeções da meta de 3% ao ano. O principal instrumento para isso é a taxa básica de juros, atualmente em 15% ao ano — o maior nível em quase duas décadas.

▶️ Na ata da última reunião do Copom, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo, indicando que a economia ainda opera acima do seu potencial sem gerar pressão adicional sobre os preços.

  • Gastos com construção nos EUA

Os gastos com construção nos EUA totalizaram US$ 2,17 trilhões em agosto, com alta de 0,2% em relação ao valor revisado do mês anterior, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Departamento do Censo americano — após mais de 40 dias de paralisação do governo.

Na comparação anual, houve queda de 1,6%.

Os gastos com construção privada chegaram a US$ 1,65 trilhão, 0,3% acima do número revisado de julho. A construção residencial subiu 0,8%, totalizando US$ 914,8 bilhões, enquanto a construção não residencial recuou 0,3%, para US$ 737,3 bilhões.

Já os gastos com construção pública somaram US$ 517,3 bilhões, praticamente estáveis em relação ao mês anterior.

Discursos de membros do Fed

O vice-presidente do Federal Reserve, Philip Jefferson, afirmou nesta segunda-feira que o banco central americano deve agir com cautela em relação a novos cortes na taxa de juros.

Segundo ele, é necessário “proceder lentamente” enquanto a política monetária se aproxima de um nível que não pressiona mais a inflação para baixo.

“A postura atual da política monetária ainda é um pouco restritiva, mas nós a aproximamos de seu nível neutro, que não restringe nem estimula a economia. […] A evolução do equilíbrio de riscos ressalta a necessidade de prosseguirmos lentamente à medida que nos aproximamos da taxa neutra.”

Jefferson também comentou sobre o mercado de trabalho, que, segundo ele, está “meio lento”. As empresas estariam hesitantes em contratar, diante das incertezas sobre a política econômica e do avanço da inteligência artificial, que pode substituir parte das funções.

Ele ainda alertou que a falta de dados oficiais, causada pela paralisação do governo, dificulta a análise econômica antes da próxima reunião do Fed, marcada para 9 e 10 de dezembro.

Bolsas globais

Em Wall Street, os mercados americanos iniciam a semana com atenção voltada para a divulgação de resultados de grandes empresas, como Nvidia, e para o retorno dos dados econômicos oficiais, após o fim da paralisação do governo.

Na abertura, o Dow Jones caía 0,17%, para 47068,06. O S&P 500 recuava 0,30%, para 6713,61, enquanto o Nasdaq Composite tinha queda de 0,49%, para 22788,316..

Já as bolsas europeias fecharam em queda nesta segunda-feira, refletindo a instabilidade da semana anterior. Investidores seguem cautelosos diante das dúvidas sobre o impacto da inteligência artificial na economia e sobre o ritmo de crescimento global.

No fechamento, os principais índices da região registraram perdas: o STOXX 600 caiu 0,53%, o DAX da Alemanha recuou 1,20%, o FTSE 100 do Reino Unido perdeu 0,24% e o CAC 40 da França teve queda de 0,63%.

A declaração da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre um possível ataque chinês a Taiwan gerou tensões entre os dois países, levando investidores a realizarem lucros após recentes altas.

Na Ásia, os índices encerraram o dia com resultados mistos: o Nikkei, em Tóquio, caiu 0,1%; o Hang Seng, em Hong Kong, recuou 0,71%; o SSEC, em Xangai, perdeu 0,46%; e o CSI300, que reúne grandes empresas chinesas, caiu 0,65%.

Já o Kospi, na Coreia do Sul, subiu 1,94%; o Taiex, em Taiwan, avançou 0,18%; e o Straits Times, em Cingapura, teve queda de 0,15%.

*Com informações da agência de notícias Reuters.

Notas de dólar. — Foto: Dado Ruvic/ Reuters

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