Primeiro secretário, que assina proposta, diz que texto seguirá rito normal e que impacto orçamentário é de R$ 100 mil por mês: ‘nada fora do comum’. Discussão e Votação de Propostas Legislativas na Câmara dos Deputados
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Deputados avaliam que “não há clima” para a aprovação do projeto que permite que um parlamentar possa acumular o salário e a aposentadoria, neste momento em que a Câmara resiste a medidas de controle de gastos apresentadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Atualmente, um deputado federal no exercício do mandato não pode receber aposentadoria da previdência parlamentar, a menos que abra mão do salário. E é justamente essa regra que a proposta pretende revogar.
📄O texto foi apresentado pela Mesa Diretora da Câmara no dia 10 de junho, dois dias após Haddad se reunir com a cúpula do Congresso e apresentar medidas alternativas ao aumento do IOF.
Internamente, vários parlamentares avaliam que o momento da apresentação da proposta foi ruim e que, se aprovada, a medida tem um potencial muito impopular.
“Chance de avançar sempre tem. Espero que segurem por ‘rubor na face’ e não por não ser a hora”, disse um líder, sob reserva.
Coordenador do grupo de trabalho que vai discutir a reforma administrativa, o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) também defende que a Câmara não analise a proposta. “Acredito que não devemos avançar para darmos o exemplo”, diz.
A proposta também foi criticada pelo líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), o que incomodou aliados do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Eles lembram que a proposta foi assinada também por um petista, o primeiro secretário da Mesa, Carlos Veras (PT-PE).
Impacto de R$ 100 mil mensais
À GloboNews, Veras negou que tenha havido um freio na proposta por conta da repercussão negativa. Segundo o deputado, o projeto vai seguir o rito normal, passando pelas comissões.
“Não há pressa alguma para a votação”, disse. “Nós sabíamos que a proposta seria polêmica, mas havia uma demanda dos parlamentares aposentados”, acrescentou.
O primeiro secretário estima que o impacto com a medida é baixo, de R$ 100 mil por mês e que a Câmara terá que administrar o Orçamento que já tem.
“Não é nada fora do comum”, afirmou. “A Mesa precisava apresentar para que a discussão fosse feita”, acrescentou.
Ainda segundo Veras, é possível mudar o texto e ele mesmo não necessariamente será a favor da proposta: vai seguir a orientação do PT. Até o momento, o projeto aguarda movimentação do presidente da Câmara.
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