Na semana passada, acompanhei mais uma edição do Annual Women’s Retirement Symposium, seminário que discute como proteger o patrimônio das pessoas aposentadas ou a caminho de fazê-lo. O tema central foi o aumento de fraudes e golpes impulsionados pela utilização de inteligência artificial. Norte-americanos acima dos 55 anos detêm 70% da riqueza pessoal do país – e se tornaram os principais alvos dos criminosos. Acredito que situação semelhante ocorre no Brasil, por isso as informações são valiosas para nós.
Norte-americanos acima dos 55 anos detêm 70% da riqueza pessoal do país – e se transformaram nos principais alvos dos criminosos cibernéticos — Foto: Age without limits
Segundo levantamento do instituto Pew Research, 73% dos americanos já foram vítimas de algum tipo de fraude. O FBI estima que, ano passado, idosos nos Estados Unidos perderam US$ 4,885 bilhões, o equivalente a 26 bilhões de reais – valor que representa um aumento de 43% em relação a 2023. O mais grave é o crescimento de golpes relacionados a criptomoedas, sendo que o grupo mais afetado foi o da faixa acima dos 60.
Matthew Strope, coordenador da área contra fraudes da consultoria financeira Robinhood, alertou para o nível de sofisticação alcançado com o uso da inteligência artificial: “um cliente recebeu uma ligação com a voz da neta aos prantos, explicando que tinha se envolvido num acidente de trânsito. Em seguida, um suposto advogado entrou no circuito pedindo dinheiro para resolver o problema. A voz da jovem havia sido clonada a partir de uma postagem que ela fizera numa rede social”.
A técnica dos criminosos consiste em explorar a emoção das vítimas e criar um senso de urgência, portanto a recomendação é: dar uma pausa, refletir e se proteger. A pausa é para pôr a cabeça para funcionar: no caso citado, por que um advogado estaria no local do acidente? Esse momento de reflexão serve para a pessoa se livrar da pressão a que está sendo submetida e evita que caia numa cilada.
As instituições financeiras têm criado mecanismos para impedir os golpes, bloqueando movimentações que fujam do perfil dos clientes. Ainda assim, não é o bastante. O mais importante é se manter alerta. O chamado phishing-based malware é um ataque cibernético no qual a vítima é induzida a instalar um software malicioso através de um link ou arquivo infectado. O objetivo é roubar dados, controlar sistemas e causar danos financeiros. Exemplos comuns incluem um e-mail que parece ser do seu banco, dizendo que sua conta será bloqueada, ou dos correios, avisando sobre uma encomenda que ficou retida. Para se proteger, tenha sempre em mente:
- Desconfie de mensagens urgentes ou alarmantes.
- Verifique o remetente e o domínio do e-mail.
- Nunca baixe arquivos de fontes desconhecidas.
- Use antivírus e mantenha o sistema atualizado.
- Ative a autenticação em dois fatores, que exige duas formas distintas de verificação para confirmar a identidade do usuário.