BC não indica quando começará a baixar juro, mas diz ter

BC não indica quando começará a baixar juro, mas diz ter

“Endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação”, informou o Banco Central.

🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.

➡️Não há, porém, uma indicação de quando a taxa Selic pode começar a ser reduzida. O mercado financeiro projeta o início do ciclo de corte dos juros básicos da economia a partir de janeiro de 2026.

“Mantém-se a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista [juro alto] por um período bastante prolongado”, informou.

“O Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado. Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, acrescentou a autoridade monetária.

Desaceleração da economia

O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.

A explicação é que, com um ritmo menor de crescimento, há menos pressões inflacionárias, principalmente no setor de serviços.

➡️Na ata da última reunião do Copom, divulgada nesta terça-feira (11), o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo.

➡️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.

“A atividade econômica doméstica manteve trajetória de moderação no crescimento, reforçando a interpretação do cenário delineado pelo Comitê estar, até agora, se concretizando. Os dados mais recentes corroboram, em geral, o prosseguimento de uma redução gradual de crescimento, ainda que, em momentos de inflexão no ciclo econômico, seja natural observar sinais mistos advindos de indicadores econômicos ou alguma diferença entre as expectativas e as divulgações”, informou o Banco Central.

Mudanças no Imposto de Renda

“O Comitê considera que tal estimativa é bastante incerta e acompanhará os dados para calibrar seus impactos. Esta opção por uma postura conservadora e dependente de dados é reforçada por exemplos recentes de medidas, fiscais e creditícias, que se conjecturava que poderiam levar a uma discrepância em relação ao cenário delineado, mas não provocaram divergências relevantes em relação ao que se esperava”, informou o Banco Central.

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Como o Banco Central atua?

Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.

  • Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo foi fixado em 3% e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
  • Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
  • Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
  • Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
  • Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o segundo trimestre de 2027.
  • Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 4,55% (com estouro da meta), 4,20%, 3,8% e em 3,5%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.

Na ata do Copom, o BC observou que as projeções de inflação seguem acima da meta de 3% para os próximos anos.

“As expectativas de inflação, medidas por diferentes instrumentos e obtidas de diferentes grupos de agentes seguiram trajetória de declínio, mas permanecem acima da meta de inflação em todos os horizontes”, informou.

Veja outras análises do Banco Central

  1. Cenário externo ainda segue incerto, considerando a política comercial norte-americana (tarifaço para alguns países, como o Brasil), os altos juros praticados nos EUA e o “shutdown” da economia norte-americana. “Persiste maior incerteza no cenário externo e, consequentemente, o Copom deve preservar uma postura de cautela”, acrescentou.
  2. A política fiscal, ou seja, o aumento de gastos públicos, tem um impacto de curto prazo, majoritariamente por meio de estímulo à demanda agregada, e uma dimensão mais estrutural, que tem potencial de afetar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e impactar o prêmio a termo da curva de juros. “Uma política fiscal que atue de forma contracíclica e contribua para a redução do prêmio de risco favorece a convergência da inflação à meta”, acrescentou.
  3. Embora as expectativas de inflação estejam acima da meta, o BC notou que as leituras recentes seguem indicando uma dinâmica mais benigna em relação ao que se previa no início do ano. “A combinação de um câmbio mais apreciado e um comportamento mais benigno das commodities [produtos básicos, como alimentos] contribuiu para uma redução nas inflações de bens industrializados e alimentos’, informou.

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