Argentina: o que está em jogo para a economia com a eleição deste domingo

Argentina: o que está em jogo para a economia com a eleição deste domingo

“Se ele perder, não seremos generosos com a Argentina. Nossos acordos estão sujeitos a quem vencer a eleição”, declarou Trump.

  • 🔎 O swap cambial é uma troca temporária de moedas entre países, usada para reforçar as reservas internacionais e proporcionar maior estabilidade à economia local. É uma forma de obter liquidez em moeda estrangeira sem recorrer a empréstimos tradicionais. Após um prazo determinado, cada país devolve a moeda recebida, com ajustes de juros ou câmbio. Na prática, a medida ajuda a Argentina, que enfrenta escassez de reservas em dólar.

Em entrevista a jornalistas, Bessent declarou que os EUA continuarão apoiando financeiramente a Argentina enquanto o governo de Javier Milei mantiver “boas políticas”, independentemente do resultado das eleições parlamentares.

Ele ainda afirmou que o governo Trump está trabalhando com bancos e fundos de investimento para criar uma linha de crédito de US$ 20 bilhões destinada a investir na dívida soberana da Argentina.

“O Tesouro comprou pesos no ‘swap de blue chips’ e no mercado à vista”, anunciou Bessent no X. Segundo ele, a linha funcionará paralelamente ao swap cambial de US$ 20 bilhões. Com isso, a ajuda total dos EUA à Argentina deve chegar a US$ 40 bilhões (cerca de R$ 217 bilhões).

Trump recebe Milei pela primeira vez na Casa Branca — Foto: Jonathan Ernst/Reuters

Crise política e impacto nos mercados

Um áudio gravado por um ex-aliado de Javier Milei, no qual Karina é acusada de corrupção, vazou para a imprensa e está sendo investigado pela Justiça.

Segundo denúncia de Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Discapacidade (Andis), Karina Milei e o subsecretário de Gestão Institucional, Eduardo “Lule” Menem, cobrariam propinas de indústrias farmacêuticas para a compra de medicamentos da rede pública.

“Estão roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os ‘WhatsApp’ de Karina”, diz Spagnuolo na mensagem. Leia mais aqui.

Em meio à crise, Javier Milei sofreu uma dura derrota, em setembro, nas eleições da província de Buenos Aires — a mais importante da Argentina, que concentra quase 40% do eleitorado nacional.

Por trás do pessimismo está a preocupação dos investidores de que, sem força política, a gestão de Javier Milei não consiga avançar em sua agenda de cortes de gastos e reestruturação das contas públicas na Argentina.

Agora, a expectativa é pela reação do mercado após o pleito deste domingo. Na sexta-feira (24), às vésperas da eleição, o peso fechou a 1.492,45 por dólar — a pior cotação desde o início da gestão Milei.

O presidente da Argentina, Javier Milei, faz um discurso especial durante a 55ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em 23 de janeiro de 2025. — Foto: Reuters

O que está em jogo no Congresso?

Metade da Câmara dos Deputados da Argentina (127 cadeiras) e um terço do Senado (24 cadeiras) estão em disputa neste domingo.

O movimento peronista detém atualmente a principal força de oposição em ambas as casas, e tem cerca de metade de seus assentos na Câmara em busca da reeleição.

O partido relativamente novo de Milei, La Libertad Avanza, conta com apenas 37 deputados e seis senadores.

As disputas mais importantes ocorrerão na província de Buenos Aires, onde estará em jogo um grande número de cadeiras.

Especialistas ouvidos pela agência Reuters disseram que, se o partido de Milei conquistar mais de 35% dos votos, isso será visto como um sinal positivo de crescimento do apoio, tendo como referência os 30% obtidos por Milei no primeiro turno da eleição presidencial de 2023.

Se ele se aproximar de 40%, será considerado “uma eleição muito boa”, afirmou Marcelo Garcia, diretor para as Américas da consultoria de risco Horizon Engage.

“Se 2025 indicar que Milei é uma figura em declínio, os investidores começarão a se preparar para uma opção mais de centro ou centro-esquerda em 2027”, disse García.

Na prática, o partido de Milei precisará de cerca de um terço dos votos na Câmara e no Senado para impedir futuras tentativas de derrubar seus vetos e projetos.

Para garantir isso, provavelmente precisará formar alianças. O partido do presidente argentino tem se aproximado, por exemplo, do PRO, uma sigla de centro liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri.

* Com informações da agência de notícias Reuters.

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