Após demissão de executivo por relação com subordinada, Nestlé anuncia reestruturação e corte de 16 mil empregos

Após demissão de executivo por relação com subordinada, Nestlé anuncia reestruturação e corte de 16 mil empregos

Philipp Navratil, que está na empresa desde 2001, assumiu o comando da empresa em setembro deste ano. Ele começou como auditor interno e passou por diversas funções, liderando operações em Honduras e no México, além de comandar estratégias para marcas como Nescafé e Starbucks.

O grupo suíço do setor alimentício, com forte presença na América Latina, registrou queda de 1,9% nas vendas, totalizando 65,9 bilhões de francos suíços (US$ 83 bilhões, cerca de R$ 452 bilhões).

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“O mundo está mudando e a Nestlé precisa se adaptar com mais agilidade, o que exigirá decisões difíceis, porém necessárias, para reduzir o quadro de funcionários”, afirmou em comunicado o CEO Philipp Navratil, que assumiu o comando da empresa em setembro.

O programa de reestruturação prevê, em especial, a eliminação de 12 mil cargos administrativos em diferentes áreas e países, “o que permitirá economizar um bilhão de francos por ano até o fim de 2027” — o dobro do valor estimado até agora, destacou a empresa.

Outros 4 mil empregos serão impactados por iniciativas já em andamento, voltadas a agilizar a produção e a cadeia de suprimentos, acrescenta o comunicado.

O conglomerado alimentício, dono de mais de 2 mil marcas — entre elas Nescafé, Maggi e KitKat —, teve um mês de setembro conturbado em sua alta direção.

Analistas esperam que Navratil, ex-diretor da Nespresso, consiga restaurar a estabilidade do grupo, que teve seu crescimento estagnado desde a onda inflacionária de 2022 e enfrentou sucessivas crises de reputação.

Nestlé troca CEO após demissão de executivo por relação com subordinada

Segundo o portal suíço SRF, o conselho de administração da Nestlé foi informado pela primeira vez sobre a suspeita de um relacionamento em maio deste ano, por meio dos canais internos de denúncia da companhia.

Na época, a empresa abriu uma investigação interna conduzida pela consultoria Gemium, que não encontrou evidências de má conduta, e Freixe negou o envolvimento.

Mais tarde, porém, surgiram novos relatórios internos. Diante disso, a Nestlé decidiu ampliar a apuração com o apoio de uma assessoria jurídica externa e independente. Foi somente nessa segunda investigação que o relacionamento foi confirmado, informou um porta-voz da companhia à agência AWP.

A investigação foi conduzida pelo presidente do conselho da Nestlé, Paul Bulcke, e pelo diretor independente Pablo Isla, com o apoio de advogados externos. Segundo Bulcke, a decisão foi difícil, mas necessária.

Segundo comunicado da Nestlé, a conduta viola o Código de Conduta da empresa, que proíbe relacionamentos hierárquicos para evitar conflitos de interesse.

Na Suíça, país onde fica a sede da multinacional, o episódio ganhou ainda mais destaque. Jornais locais chegaram a especular sobre a identidade da funcionária e até sobre uma possível promoção recebida durante o período em que manteve o envolvimento com Freixe.

A saída inesperada do executivo também reacendeu o debate sobre os limites entre vida pessoal e profissional dentro das corporações.

Já a funcionária atuava na área de marketing e, um ano e meio após conhecer Freixe na sede da empresa, em Vevey, teria sido promovida a vice-presidente de marketing para as Américas.

Laurent Freixe foi demitido por manter um relacionamento secreto com uma funcionária — Foto: Nestle

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